Sou jornalista. E uma das minhas funções (meu trabalho principal, na verdade) é cobrir turismo. Trabalho no portal viajeaqui, da Editora Abril, como repórter.

Mas não pense você que eu vivo de avião em avião, de ônibus em ônibus… eu pouco viajo. Acabo dando um trato no material que os repórteres da revista Viagem e Turismo e do Guia Brasil produzem. E daí levo todas aquelas letrinhas, fotos, impressões e sentimentos para o site.

Viagem é uma coisa que me cansa um pouco. Bate uma preguiça só de pensar em arrumar mala. Mas tenho boas lembranças. Começo com uma de 2007 que, creio eu, foi minha melhor viagem até hoje.

Havia terminado um relacionamento longo, de quase sete anos, e precisava espairecer, me distrair. E em São Paulo não dava. Vi que estava para começar o Festival Literário Internacional de Paraty (FLIP), no Rio de Janeiro, e o tema/homenageado era Nelson Rodrigues (sou fã!). Pedi férias no trabalho (ainda não era jornalista) e me mandei para o tal festival.

Pelo Orkut, consegui uma boa pousada, de última hora. Não foi barata, mas era muito boa. Donos simpáticos, quartos limpos e bem cuidados. Fui sozinho, de ônibus. E a proprietária ainda foi me buscar na rodoviária. Simpatia de pessoa.

Cheguei lá e pude conferir a beleza da cidade, seu ar “1800 e alguma coisa”, com todos aqueles paralelepípedos no chão, as casinhas pequenas e frágeis…

Não fiz nenhum programa “natural”, como trilhas ou passeios de barco. Fiquei só no centro mesmo, curtindo o festival, assistindo as palestras e, do meu modo fechado de ser, conhecendo as pessoas.

Paraty, durante o FLIP, fica cheia e, em alguns lugares, é até difícil andar. Mas para quem está acostumado com São Paulo, isso é o de menos. E, pelo menos para mim, o lado bom de ter visitado a cidade durante o evento foi justamente essa efervescência, o número de pessoas, de pensamentos, debates e ideias que circulavam por ali. Para completar, foi a primeira vez que vi um show da orquestra Imperial, que abriu o evento com o mestre João Donato.

Lá, meio que “aluguei” um taxista para ir e voltar do centro (a pousada ficava a uns 15 minutos, de carro, pela estrada que vai para Cunha). O apelidei mentalmente de Tim Maia: gordo, bonachão, cheio de histórias e com uma grande risada, que ocupava todo o carro. O típico carioca gente boa. Acho que ainda tenho seu cartão, para quando retornar à cidade poder ouvir mais histórias das “comunidades” (termo que carioca usa muito no lugar de “bairros”) de Paraty.

A viagem serviu para eu entrar nos eixos de novo. Serviu também para eu participar de um evento que ficou na memória e me deixou na vontade de voltar. De repente, na próxima vez, eu faço pelo menos uma trilha.